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                              CAPíTULO 4 
Chamar o diretor do NRO de homem comum era um exagero. 
William Pickering era pequeno, pálido, careca e sem tracos 
marcantes. Apesar de já ter visto alguns dos mais profundos 
segredos do país, seus olhos castanhos pareciam opacos. 
Ainda assim, para seus subordinados, Pickering era um 
grande homem. Sua personalidade serena e seu pragmatismo 
eram lendários no NRO. Seu jeito calmo e zeloso, combinado 
com o facto de que usava sempre ternos pretos, fizera com 
que o apelidassem de Quaker, numa referência aos membros 
da seita protestante inglesa. Estrategista brilhante e modelo 
de eficiência, ele governava seu mundo com total 
transparência e pregava que era preciso "encontrar a verdade 
e agir de acordo com ela". 
Quando Rachel chegou ao escritório do director, ele estava ao 
telefone. 
Observando-o, ela nao pode deixar de pensar que era curioso 
alguém de aparência tao comum ter poder suficiente para 
acordar o presidente a qualquer hora. 
Pickering desligou e fez sinal para que ela se aproximasse. 
- Agente Sexton, sente-se. 
- Obrigada, senhor - respondeu Rachel, sentando-se. 
Ainda que muitos se sentissem desconfortáveis com o estilo 
directo e sem rodeios de William Pickering, Rachel sempre 
gostara dele. Era a antítese perfeita de seu pai... nao era 
fisicamente imponente, nao era carismático e cumpria seu 
dever com um patriotismo abnegado, evitando as luzes da 
ribalta que seu pai tanto amava. 
O director tirou os óculos e olhou para ela. 
- Agente Sexton, o presidente me ligou há cerca de meia 
hora. Queria falar especificamente sobre você. 
Rachel moveu-se em sua cadeira, inquieta. Pickering era 
conhecido por ir directo ao assunto. Bom princípio de 
conversa, pensou. 
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